Luta


Em 28/11/2018, um segurança de uma unidade do Carrefour em Osasco (SP) envenenou e matou um cachorro vira-lata chamado Manchinha, que circulava nos arredores da unidade. O vídeo com o registro do ocorrido viralizou nas redes sociais. Com isso, o caso – que ficou conhecido como o Caso do Cachorro Manchinha – gerou grande comoção nacional e internacional, uma onda de protestos e a aprovação de uma lei que aumentou a pena para maus-tratos de animais. O Ministério Público ajuizou uma ação contra a rede de supermercados, que acabou fazendo um acordo com o órgão e destinando R$ 1 milhão para um fundo de proteção aos animais criado pela Prefeitura de Osasco. Um ano depois do episódio, o Carrefour contabilizava cerca de 600 mil comentários sobre o caso em suas redes sociais, sendo a grande maioria de cunho negativo.
Beó é uma gíria para situações de tensão e para problemas graves. Vem do termo B.O., ou boletim de ocorrência, que é o registro de um crime em uma unidade policial.
A ocupação de unidades da FUNARTE (Fundação Nacional de Arte) aconteceu no mês de maio de 2016. Ocorrida em BH (tendo sido iniciada no dia 15/01) e em outras capitais, elas foram uma reação do setor cultural à extinção do Ministério da Cultura pelo governo federal – o que acabou sendo revertido em 21/05. Contudo, as ocupações se estenderam nas unidades da Fundação até o final de julho, em protesto ao golpe que levou Temer ao poder.
Aprovada pelo Congresso em 13/12/2016, a Proposta de Emenda à Constituição 55/2016 limitou o aumento dos gastos públicos à variação da inflação – o que, na prática, significou uma expressiva redução nos investimentos públicos nas áreas de saúde e educação. Durante todo o tempo da tramitação da emenda, houve grande mobilização da sociedade civil para tentar barrar a PEC, que acabou sendo chamada de PEC do teto dos gastos, sem sucesso.
CICALT é a sigla de Centro Interescolar de Cultura, Artes, Linguagens e Tecnologias, uma escola pública de formação artística tradicional de Belo Horizonte, ligada à Secretaria de Estado de Educação. A escola também é conhecida pelo seu nome original, que era Valores de Minas. Voltada ao público jovem, o CICALT também tem uma tradição de contar com alunos politicamente engajados, muitos deles atuantes nos movimentos juvenis.
O Centro de Referência da Juventude de BH é um equipamento público municipal que oferece algumas atividades educativas, artísticas e culturais gratuitas para a população jovem, além de ser um espaço que os coletivos juvenis podem utilizar para a realização de atividades gratuitas voltadas a fortalecer esse segmento da população. A ocupação do CRJ ocorreu entre 23 de maio de 2016 a 20 de junho de 2017 e foi uma ação de variados coletivos e entidades juvenis da RMBH que reivindicou o funcionamento efetivo e a democratização da gestão daquele equipamento urbano. A criação do CRJ era uma proposição da Conferência Municipal de Juventude de BH do ano de 2006. Haviam, portanto, se passado mais de dez anos sem que a implantação do Centro se concretizasse e, durante todo o período, não houve abertura efetiva do poder público para dialogar com os movimentos juvenis acerca dessa pauta (e de nenhuma outra, vale dizer). O CRJ só passou a funcionar de forma efetiva e a estabelecer um diálogo com as juventudes da cidade após a ocupação.
A AIC – Agência de Iniciativas Cidadãs é uma OSC, nascida em 1993, que desenvolve projetos de comunicação, mobilização social e educação. É parceira de centenas de coletivos e movimentos populares na construção de ações e projetos de promoção de direitos.
Batalha de MCs realizada em praça pública na região do bairro Mineirão, na zona oeste de BH.
Nascido em 2015, em Ibirité, o Terra Firme é um grupo de jovens de periferia que desenvolve projetos de arte, cultura, comunicação, empreendedorismo e educação.
Coletivo juvenil, criado em 2014, que promove atividades artísticas, culturais e eventos em espaços públicos da região, como a Pista de Skate, o Viaduto Santa Margarida, o Clube Comercial Barreiro e o Viaduto das Artes.
Criado em 2013, o Cabeça Ativa tem a proposta reunir em rede e fomentar ações colaborativas entre grupos juvenis de arte e cultura do Barreiro.
O slam, batalha de poesia falada, chegou a Minas Gerais em 2014 com o Slam Clube da Luta, primeira iniciativa do gênero no estado. O Clube da Luta realiza as batalhas ao longo de todo o ano em diversos espaços de BH – criando um circuito belo-horizontino, integrado a circuitos estaduais, nacionais e internacionais de slam.
Sarau do Espaço Comum Luiz Estrela, ocupação cultural de um casarão localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte.
Criado em 2008, o Coletivoz reúne poetas e coletivos de poesia da RMBH e tem como proposta principal realizar saraus com a participação de autores e moradores da periferia, sujeitos geralmente excluídos do processo de produção literária no país.
Para que um partido político tenha seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e se torne apto à participação nos pleitos eleitorais, precisa atender determinadas exigências, sendo a mais difícil delas conseguir um número de assinaturas de apoio que corresponda a 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos por um terço ou mais dos estados brasileiros, com um mínimo de 0,1 % do eleitorado que tenha votado em cada um deles. A UP cumpriu tal requisito – em 01/08/2019, protocolou pedido de registro respaldado por 497,2 mil assinaturas de apoio, divididas em 15 estados. Com isso, no dia 10/12/2019, teve seu registro aprovado pelo TSE.
Banca responsável por analisar as características fenotípicas do candidato, verificando se condizem com a autodeclaração dele.
Segundo a Assembleia Legislativa de MG, o Parlamento Jovem é um programa de formação política, voltado aos estudantes do ensino médio dos municípios mineiros, que “cria a oportunidade de conhecer melhor a política e os instrumentos de participação no Poder Legislativo municipal e estadual. A cada ano, os jovens escolhem um tema de relevância social e vivenciam atividades de estudo, debates e deliberação que contribuem para sua formação política” (fonte: https://www.almg.gov.br/educacao/parlamento_jovem/, acesso em 10 jan 2023).
As Jornadas de Junho foram uma série de protestos que ocorreram simultaneamente em mais de quinhentas cidades do Brasil entre junho e julho de 2013. Cabe destacar que, em que pese a importância que tiveram na trajetória de formação e mobilização política de milhares de jovens, as Jornadas tiveram desdobramentos muito negativos para o campo progressista brasileiro. Motivados originalmente por pautas como a reivindicação pela tarifa zero nos ônibus e o controle social das obras da Copa do Mundo que ocorreria no Brasil no ano seguinte, os protestos de junho e julho de 2013 se tornaram eventos de massa bastante difusos, tendo um leque muito amplo de pautas e reunindo os mais variados movimentos – da esquerda radical à extrema direita. Na sequencia, os protestos foram apropriados por movimentos de direita, alimentando o golpe que tirou Dilma Roussef do poder, respaldou a operação Lava Jato e abriu caminho para a prisão de Lula, a ascensão de Bolsonaro à presidência e o grande crescimento de movimentos e de políticos de extrema direita.
A Unidade Popular Pelo Socialismo (UP), partido político de esquerda, foi registrada oficialmente em 10 de dezembro de 2019.
Posses e crews são grupos de artistas das diversas linguagens da cultura hip hop que se juntam a partir de um projeto de ação em comum e adotam um nome coletivo.
Para mais informações, ver: https://flacso.org.br/project/mapa-da-violencia/. Acesso em 21 jan 2022.
Organização da sociedade civil nascida em 1993 e que atua com comunicação, educação e mobilização social pelo desenvolvimento humano. Para mais informações, consultar: www.aic.org.br (acesso em 21 jan 2023).
Em atividade desde 1998, a Oficina de Imagens é uma organização da sociedade civil belo horizontina que realiza projetos de comunicação e educação voltados à garantia dos direitos das crianças, adolescentes e jovens. Mais informações: https://www.instagram.com/oimagens/.
Criado em 1996, o Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha é um amplo programa que articula iniciativas de extensão da UFMG em toda a região do Vale. Com ativa participação da comunidade, as ações da UFMG na região abrangem vários campos: saúde, educação, cultura, comunicação, desenvolvimento regional e geração de renda, direitos humanos e meio ambiente. Mais informações: https://www.ufmg.br/polojequitinhonha/.
Nascido em 1997, o Manoelzão é um projeto da UFMG que realiza atividades educativas, informativas e de mobilização social relacionadas a saúde, meio ambiente e cidadania, tendo como área de abrangência as localidades da Bacia do Rio das Velhas. Mais informações: http://manuelzao.ufmg.br/ (acesso em 23 jan 2022).
Segundo o governo federal, “a Identidade Jovem, ou simplesmente ID Jovem, é o documento que possibilita acesso aos benefícios de meia-entrada em eventos artístico-culturais e esportivos e também a vagas gratuitas ou com desconto no sistema de transporte coletivo interestadual” (fonte: https://www.gov.br/mdh/pt-br/idjovem, acesso em 10 jan 2023).
Lei nº 11.788, de 25/09/2008. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm. Acesso em 10 jan 2022.
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa no qual o Ministério da Educação faz empréstimos para estudantes de baixa renda, destinados ao custeio das matrículas e mensalidades de cursos de graduação não gratuitos. Os empréstimos têm condições especiais: juros baixos e um determinado prazo de carência, após a conclusão do curso, para que o estudante faça a quitação.
Chargista e ativista brasileiro cujo trabalho pode ser conhecido em https://twitter.com/latuffcartoons e https://instagram.com/carloslatuff (redes acessadas em 10 jan 2023).
Criada em 2019, a Coalizão Negra Por Direitos é uma articulação nacional de entidades do movimento negro voltada principalmente para a incidência política nos poderes legislativo, executivo e judiciário, bem como em fóruns internacionais. Para mais informações, consultar: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/ (acesso em 10 jan 2023).
Segundo material institucional do movimento, “a #partidA é uma movimentação feminista antirracista que se organiza como uma rede mobilizadora de mulheres brasileiras, cujo maior objetivo é promover a eleição de mais mulheres do campo progressista da esquerda aos postos institucionais do poder, especialmente no Legislativo e Executivo” (fonte: https://drive.google.com/file/d/1X7vqhnRKU9EwtXCARSo16Jd2QcHnE1Z-/view, acesso em 10 jan 2023).
Muitas pela Cidade Que Queremos, nascida em 2015, é uma articulação de pessoas autônomas e com atuação em movimentos sociais de Belo Horizonte para a construção de candidaturas populares e cidadãs nas eleições para cargos dos poderes executivo e legislativo.
A Organização de Mulheres Negras Ativas foi criada em 2003, com o objetivo de amplificar a voz e empoderar as mulheres negras da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com a página https://meninasdesinha.org.br/sobre/ (acesso em 10 jan 2023), o Grupo Cultural Meninas de Sinha nasceu em 1996 no bairro Alto Vera Cruz e atua junto a mulheres com mais de 50 anos daquela comunidade, com o objetivo de compreender as necessidades e criar oportunidades para de formação, convivência e trabalho para tais mulheres.
Grupo cultural criado em 1996 no Morro das Pedras. Desenvolve projetos que aliam arte e promoção da cidadania e atua principalmente junto ao público infanto-juvenil. Para mais informações, acessar a conta de Instagram @arautosdogueto.
Coletivo, criado em 1996, que desde então atua no Aglomerado Santa Lúcia e no Morro do Papagaio, promovendo o desenvolvimento humano em tais localidades a partir de atividades artístico-culturais. Para mais informações, consultar: http://www.casadobeco.org.br/historia/ (acesso em 10 jan 2022).
Criada em 2005, Reaja ou Será Mort@ é uma campanha promovida por movimentos sociais da Bahia e aliados de outras localidades que denuncia a violência policial, a seletividade penal e o genocídio do povo negro. Para mais informações, consultar: https://reajanasruas.blogspot.com/p/quem-somos.html (acesso em 10 jan 2023).
Criado pelo poeta Sérgio Vaz, o Sarau Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) acontece na cidade de São Paulo desde o ano 2000, e é um dos mais conhecidos e antigos do país.
Um dos slams (batalhas de poesia) mais tradicionais da cidade de São Paulo, em atividade desde 2014.
Para a Psicanálise, oinconsciente abriga dois tipos de energia psíquica antagônicas: a pulsão de vida, da busca pela autoconservação e pelo prazer; e a pulsão de morte, que é a tendência à inércia e à autodestruição. Essas pulsões não operam de forma separada, estão mescladas em cada um. Por isso, mesmo diante da dor e do sofrimento, as pessoas podem ficar nesse mesmo lugar extraído da dor algum tipo de prazer/desprazer.
Instituído em 2003 pelo Governo do Estado de MG, o Programa de Controle de Homicídios – Fica Vivo! volta-se à redução de homicídios de adolescentes e jovens de 12 a 24 anos, em áreas que registram maior concentração de tais homicídios. Com ênfase na proteção social, oferece a esse público oficinas de esporte, cultura e arte; faz atendimentos individuais dos jovens e promove encaminhamento dos mesmos à rede do Sistema de Garantia de Direitos. Fonte: http://www.seguranca.mg.gov.br/2013-07-09-19-17-59/2020-05-12-22-29-51/programas-e-acoes#:~:text=Institu%C3%ADdo%20no%20ano%20de%202003,registram%20maior%20concentra%C3%A7%C3%A3o%20desse%20fen%C3%B4meno. Acesso em 10 jan 2023.
Helenira Resende de Souza Nazareth foi uma grande ativista dos movimentos de oposição à Ditadura Militar. Atuou no movimento estudantil e acabou sendo presa e jurada de morte, o que a levou à clandestinidade e à atuação na Guerrilha do araguaia. Em 29/09/1972, sofreu uma emboscada feita por fuzileiros navais e foi metralhada nas pernas. Recusou-se a entregar a localização de seus companheiros aos militares, e acabou sendo torturada e morta.
“Arrasada” é uma piada interna das pessoas da AIC. Usamos a expressão “você está arrasada” no lugar de “você está arrasando” em uma brincadeira e homenagem carinhosa ao Lacyr, tio da Rafa que tem Síndrome de Down e fez 66 anos de idade em agosto de 2022. Lacyr é uma figura lendária por sua alegria, sua paixão absoluta por bonés (a coleção já soma mais de mil e não para de crescer), seus amplos dotes musicais… e pelas geniais expressões que profere, ora por puro prazer de inventar frases de efeito (como no caso de “o fim do mundo tá acabando”, uma de suas frases mais célebres), ora por fazer pequenas confusões com as palavras, que acabam por gerar zoeiras deliciosas (como o caso de “você está arrasada”, que ele soltou pra uma sobrinha quando ela saía para uma festa e perguntou a ele se estava bonita).
Farc é a sigla de Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo de guerrilha que atuou de 1964 a 2016 naquele país com o objetivo de derrubar a ordem vigente e implantar um governo socialista. O conflito escalou para uma guerra civil, envolvendo, de um lado, as Farc e o grupo aliado ELN (Exército de Libertação Nacional) e, de outro, o exército colombiano e milícias paramilitares de extrema-direita. Para financiar suas atividades, as Farc realizaram milhares de sequestros e acabaram tendo ligações com o narcotráfico. Foram mais de 260 mil mortes em cinco décadas de conflito. Segundo a ONU, as FARC e o ELN são responsáveis por 12% das mortes de civis resultante de tal período; as milícias paramilitares de extrema-direita por 80% e as forças de segurança por 8%.
Primeiro Comando da Capital (PCC) é a maior organização criminosa do país e tem como principal território de atuação o estado de São Paulo, mas se espalha por todo o Brasil e por alguns países vizinhos. Possui cerca de 30 mil membros e está ligada principalmente ao tráfico de drogas, mas também a grandes assaltos e a sequestros. Está presente em 90% dos presídios paulistas.
Trata-se de Teresa dos Santos, presidente do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade de Minas Gerais e uma das grandes lideranças do movimento Desencarcera, articulação nacional que denuncia a seletividade penal no Brasil e combate a violência estrutural dos presídios.
Grande festejo junino, com concurso de quadrilhas, realizado pela PBH na Praça da Estação, no centro da cidade.
Implantar uma gestão democrática e popular foi a proposta de Patrus Ananias no seu mandato na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), de 1993 a 1996, quando inaugurou um período de governos de esquerda que se estendeu no município até 2009. O site da Câmara Municipal de Belo Horizonte assim descreve o trabalho de Patrus Ananias na PBH: “seu mandato foi marcado por reformas estruturais na administração municipal, com mudanças na organização da Prefeitura, no planejamento público e no direcionamento das políticas públicas, em que priorizou uma agenda de desenvolvimento social com políticas de combate à pobreza, segurança alimentar, promoção de emprego e renda e investimentos em educação e saúde. Implantou, também, o Orçamento Participativo. Sua administração foi premiada pela Organizção das Nações Unidas (ONU) como modelo de gestão pública” (fonte: https://bit.ly/3DF9x8z).
Projeto da Prefeitura de Belo Horizonte, criado em 1998, que oferecia à população, gratuitamente, formação artístico-cultural nas mais diversas linguagens. Ao longo dos anos, tornou-se uma importante e premiada iniciativa até que, em 2014, foi transformada em Escola Livre de Artes, em atividade até os dias atuais.
Ordem dos Advogados do Brasil.
Centro de Remanejamento do Sistema Prisional Gameleira – unidade carcerária da Polícia Penal de MG localizada no bairro Gameleira, em Belo Horizonte.
Segundo Roberta Bacic (2012), trata-se de um modo de bordar que é uma tradição de Isla Negra, localizada no litoral central chileno. O tecido base das arpilleras originais eram panos rústicos, como sacos de farinha e de batata, feitos de cânhamo ou linho grosso. Os bordados eram – e são até os dias de hoje – feitos à mão, com agulhas e fios, podendo ser acrescentados detalhes, como figuras tecidas em crochê. Nos primeiros tempos desse tipo de bordado, as mulheres esperavam que o conteúdo dos sacos fosse consumido, e aí lavavam e cortavam cada um deles em seis partes. Cada bordadeira recebia uma dessas partes, para bordar sua história de vida, bem como a de sua família e comunidade.
O projeto teve a AIC como proponente e foi financiado pelo fundo de pequenos projetos da CESE – Coordenadoria Ecumência de Serviço (www.cese.org.br).
A vídeo-palestra-performance, disponível em https://fb.watch/h3m73jXEvk/, foi uma das atrações do 9º Festival Ponta a Pé Cultural, realizado em Belo Horizonte de 29/09 a 12/10/2021, em formato híbrido, pela Cóccix Companhia Teatral, que desde 2006 atua na cidade.
Mortalha é a “veste que envolve o morto a ser sepultado” (cf o dicionário online Caldas Aulete, vide https://www.aulete.com.br/mortalha)
Antígona é a personagem-título de uma tragédia composta por Sófocles por volta de 442 AC. A tragédia conta que dois irmãos dela – Polinices e Etéocles – se matam mutuamente na luta pelo trono de Tebas e Creonte, tio deles, herda o trono em decorrência disso. Em vingança a Polinices, que tinha ousado desobedecê-lo e iniciado a batalha, enfurecendo-o, Creontes proíbe que tal sobrinho seja enterrado e determina que o corpo seja deixado ao relento, abandonado à putrefação e a ser devorado pelos cães e abutres. Já para Etéocles promove um sepultamento com honras e ritos sagrados. Antígona não aceita a ordem de Creonte, por ser contrária às determinações divinas, e ela mesma, sozinha, realiza o ritual póstumo e enterra o irmão Polinices (“juntou o pó ressequido com suas próprias mãos” (SÓFOCLES, 2021, p. 30). A heroína da tragédia age de forma insubmissa à lei humana em função de um senso maior de justiça, que ela associa à ordem divina, e pelo qual se guia ao enterrar o irmão, mesmo sabendo que ir contra a ordem do tirano significaria uma condenação de morte. A morte, ao final, é mesmo o seu fim: Creonte ordena que ela seja aprisionada em uma caverna, só com o alimento indispensável, para assim ter um fim lento. Mas, uma vez na caverna, Antígona se enforca com o próprio véu.
Centro de Referência em Assistência Social, equipamento público responsável por organizar e ofertar serviços de proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Performance-instalação realizada desde 2018 pela artista Lucimélia Romão, de São João Del-Rey, e que tem sido levada a diversos atos de ativismo das mães das vítimas de violência do Estado. Na performance, mulheres cujos filhos foram assassinados despejam, numa piscina plástica de mil litros, baldes com água tingida de vermelho, representando o sangue derramado no assassinato em massa dos jovens negros. Para assinalar ainda mais o caráter assustador dos assassinatos em massa, os baldes são derramados a cada 23 minutos ou segundos na piscina, em alusão ao fato de que, no Brasil, um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos. Lucimélia conta que teve a ideia da performance frente à notícia do assassinato, por um tiro disparado durante uma ação policial, de Marcus Vinícius da Silva, aos 14 anos, quando ia a pé para a escola no Complexo da Maré.
Nina Caetano (Elvina Maria Caetano Pereira) é feminista, performer e professora do Departamento de Artes Cênicas da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). É autora, em parceria com mulheres que tiveram filhos assassinados, da obra “Chorar os Filhos”, que é uma grande mortalha branca constituída por retalhos, nos quais tais mulheres bordam, com linhas vermelhas, as histórias dos assassinatos e da luta para denunciá-los. Integra a Rede Mães de Luta desde que tal rede foi criada, em 2019.
Kaká Silveira – Maria do Carmo Silveira – teve o filho assassinado dentro de uma unidade prisional belo-horizontina em 2014 e, desde então denuncia o caso. Em 2019, fundou as Mães de Maio Minas – braço mineiro do Movimento Nacional Mães de Maio.
Débora Silva é fundadora do Movimento Mães de Maio, mobilização nacional que nasceu da luta dela e de outras mães para denunciar e existir justiça em relação ao caso que ficou conhecido como Crimes de Maio – chacina, ocorrida em maio de 2016, na Baixada Santista, com assassinatos aleatórios praticados por grupos de extermínio em resposta a ataques do Primeiro Comando da Capital, o PCC. O filho de Débora, Edson Rogério Silva dos Santos, foi um dos cerca de 500 assassinados em tal chacina.
O PL nº 1.160/2019 (cuja situação, em 20/01/2023, é “Em tramitação”, cf https://www.almg.gov.br/projetos-de-lei/PL/1160/2019), de autoria da deputada estadual Andréia de Jesus, institui, em Minas Gerais, a Semana Estadual das Vítimas de Violência do Estado, a ser realizada entre os dias 12 a 19 de maio. Tal Semana é um momento de mobilização pela pauta em todo o país e já instituída no calendário oficial dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Amapá.