Antígona
Antígona é a personagem-título de uma tragédia composta por Sófocles por volta de 442 AC. A tragédia conta que dois irmãos dela – Polinices e Etéocles – se matam mutuamente na luta pelo trono de Tebas e Creonte, tio deles, herda o trono em decorrência disso. Em vingança a Polinices, que tinha ousado desobedecê-lo e iniciado a batalha, enfurecendo-o, Creontes proíbe que tal sobrinho seja enterrado e determina que o corpo seja deixado ao relento, abandonado à putrefação e a ser devorado pelos cães e abutres. Já para Etéocles promove um sepultamento com honras e ritos sagrados. Antígona não aceita a ordem de Creonte, por ser contrária às determinações divinas, e ela mesma, sozinha, realiza o ritual póstumo e enterra o irmão Polinices (“juntou o pó ressequido com suas próprias mãos” (SÓFOCLES, 2021, p. 30). A heroína da tragédia age de forma insubmissa à lei humana em função de um senso maior de justiça, que ela associa à ordem divina, e pelo qual se guia ao enterrar o irmão, mesmo sabendo que ir contra a ordem do tirano significaria uma condenação de morte. A morte, ao final, é mesmo o seu fim: Creonte ordena que ela seja aprisionada em uma caverna, só com o alimento indispensável, para assim ter um fim lento. Mas, uma vez na caverna, Antígona se enforca com o próprio véu.