FORUM DAS JUVENTUDES: HISTÓRIA DA LUTA
2004-2008 – Ação centrada nas Políticas Públicas da Juventude
Em 2004, nascia o Fórum de Entidades e Movimentos Juvenis da RMBH (que em 2011 sweria renomeado Fórum das Juventudes da Grande BH). A iniciativa foi impulsionada por ações do Observatório da Juventude da UFMG, sendo a principal delas o Programa de Formação de Agentes Culturais Juvenis, que durante a década de 2000 identificou jovens periféricos de BH e redondezas que atuavam em iniciativas de cultura e cidadania e ofereceu a eles e elas formações diversificadas para fortalecer, ampliar e conectar em rede as iniciativas que realizavam.
Do nascimento da rede até 2008, as ações voltava-se principalmente à incidência no processo de construção das incipientes políticas públicas de juventude, ou PPJs, reivindicando o diálogo entre poder público e sociedade civil nessa construção. Atuar na elaboração das grandes pesquisas que estavam em curso e nas mobilizações por PPJs, cobrar a criação de políticas e órgãos locais, buscar cadeiras nos conselhos e nas conferências eram as prioridades.
Contudo, o diálogo com o poder público foi extremamente difícil, sobretudo nas esferas dos municípios e do estado de MG. Frente à falta de espaço efetivo para as juventudes na construção das PPJ, o Fórum chega a uma situação de desgaste e mobilização no final da década de 2000.

2011-2014 – Juventudes em ação contra a violência
Campanha Juventudes Contra Violência (2011 – 2014)
2011 foi o ano de retomada do Fórum, com a realização de um amplo e intenso conjunto de diagnósticos colaborativos, encontros da rede e imersões criativas para redesenhar a causa do FJ e o modo de atuar da rede. A partir dessa intensa agenda, o enfrentamento às violências – entendidas na perspectiva ampla das violações de direitos – emergiu como a grande pauta das juventudes. Afinal, “juventude sem direitos é juventude violada”, conforme bem expressava o slogan criado pelos jovens naquele momento.
Os esforços da retomada deram origem à mais emblemática campanha de mobilização social já realizada pelo Fórum: Juventudes Contra Violência. Ela abriu caminho para uma guinada fundamental: desde aquele ano, o enfrentamento às violências e à letalidade da juventude negra e periférica tem sido a prioridade absoluta do Fórum.
A campanha, criada entre 2012 e 2013, reuniu ações e produtos de comunicação – uma identidade visual, banners, cartazes, site (www.juventudescontraviolencia.org.br), assessoria de comunicação e eventos –, além de um ciclo de oficinas multiplicadoras que, em 2014, levou as discussões a milhares de jovens, de variados contextos e territórios.

Página de abertura do site www.juvendudescontraviolencia.org.br








Imagens do cartaz, banner, flyers e adesivos da campanha
A Juventude oKupa a Cidade (desde 2011)
O Juventude Okupa a cidade é uma série de grandes encontros de mobilização das juventudes, que reunia debates sobre direitos juvenis e performances artísticas e culturais. O evento foi criado pelo Observatório da Juventude da UFMG, em 2011 e, a partir de 2014, passou a ser realizado pelo FJ.

A juventude ocupa a cidade?
1º oKupa
Data: 08/04/2011
Locais: Centro Cultural UFMG e Viaduto Santa Tereza (hipercentro de BH)
Realização: OJ/UFMG
Apoio: Centro Cultural UFMG.
Sinopse: Reuniu debate sobre direitos das juventudes no Centro Cultural UFMG, performance cênica e cortejo até o viaduto Santa Tereza, culminando num Duelo de MCs (tradicional batalha de rimas de rappers realizada pelo coletivo Família de Rua em tal viaduto).

Qual segurança queremos?
2º oKupa
Data: 03/06/2011
Locais: Conservatório de Música da UFMG e Viaduto Santa Tereza (hipercentro de BH)
Realização: OJ/UFMG
Apoio: Conservatório de Música da UFMG.
Sinopse: Teve início no Conservatório, com debate sobre o modelo de segurança pública calcado em criminalização, aprisionamento e assassinato em massa da juventude negra. Em seguida, teve cortejo até o viaduto Santa Tereza, culminando num Duelo de MCs.

Qual é o seu grito?
3º oKupa
Data: 13/04/2012
Locais: Centro Cultural UFMG e Viaduto Santa Tereza (hipercentro de BH)
Realização: OJ/UFMG e Fórum das Juventudes
Apoio: Centro Cultural UFMG.
Sinopse: Teve início no Centro Cultural, com debate sobre as diversas formas de violência cometidas contra as juventudes. Em seguida, teve cortejo até o viaduto Santa Tereza, culminando num Duelo de MCs.

Juventudes Contra Violência
4º oKupa
Data: 08/05/2013
Local: Espaço Cultural CentoeQuatro (hipercentro de BH)
Realização: Fórum das Juventudes
Apoio: AIC, OJ/UFMG, Instituto C&A, Gráfica e Editora O Lutador.
Sinopse: Encontro de lançamento da campanha Juventudes Contra Violência. Teve um público de mais de 400 pessoas (em sua maioria, juventudes periféricas; jovens das ocupações urbanas Dandara e Guarani-Kaiowá estiveram presentes; representantes do poder público, como o subsecretário estadual de juventude, compareceram) e reuniu mais de 30 organizações e coletivos que aderiram à campanha e se somaram ao evento. Performances: MC Kdu, MC Russo, coletivos As Mina Rima e Casa Amarela (improviso, rimas e dança), Concerto para o Erro (poesia, imagens e projeção, com Renato Negrão), cena curta de Teatro do Oprimido, miniestúdio de fotografia (com cenário inspirado na identidade visual da campanha), intervenções em grafite. A edição contou com transmissão online ao vivo pelo coletivo Conexão Periférica.

Fazendo política além dos limites
5º oKupa
Data: 25/04/2014
Local: Espaço Cultural CentoeQuatro (hipercentro de BH)
Realização: Fórum das Juventudes
Apoio: AIC, OJ/UFMG, JUVIVA, Instituto C&A, CentoeQuatro.
Sinopse: Teve como temática o direito das juventudes à participação social por meio de diferentes formas de ocupação do espaço urbano. Performances: grupo IP4:20 (Barreiro/BH), Praça Hip Hop (Venda Nova, BH), Bloco das Pretas (várias regiões de BH), Família Vandal (Santa Luzia), As Mina Rima (Contagem), Sarau do Vagal e Grupo de Teatro Deunateia (Nova Lima). O evento marcou o lançamento do jogo oKupa, ferramenta lúdica de discussão de entraves e possibilidades de ação política das juventudes, peça ligada à campanha Juventudes Contra Violência.

Onde a quebrada se junta!
6º oKupa
Data: 09/05/2015
Local: Praça da Savassi (Palmital – Santa Luzia) – é o primeiro oKupa descentralizado.
Realização: Fórum das Juventudes
Parceria: Instituto Tucum (Santa Luzia)
Apoio: OJ/UFMG e Instituto C&A.
Sinopse: Chamou a atenção para a invisibilidade e o precário acesso das juventudes periféricas aos direitos Performances de grupos juvenis da RMBH de dança, rap, poesia, percussão, intervenções circenses, capoeira, teatro, videocabine e grafite.

Um rolê por direitos
7º oKupa
Data: 08/07/2017
Local: Pista de Skate do Barreiro (BH).
Realização: Fórum das Juventudes
Patrocínio: Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH / Fundo Municipal de Cultura de BH – é o primeiro oKupa com recursos de tal lei.
Apoio: AIC e Oficina de Imagens.
Sinopse: Concebido e desenvolvido em diversos encontros colaborativos com coletivos das regiões Leste, Oeste e Barreiro (BH), discutiu os temas propostos por tais juventudes: desvalorização da cultura das quebradas, violência policial, preconceito territorial, gênero, espaços com a cara das juventudes e transporte público. Grupos juvenis da RMBH realizaram atividades de dança, rap, funk, poesia, skate, patins, grafite, entre outras atrações.

Onde as lutas se encontram
8º oKupa
Data: 29/09/2018
Local: Praça Nossa Senhora de Lourdes (Ibirité).
Realização: Fórum das Juventudes
Parceria: Coletivo Terra Firme (Ibirité)
Apoio: OJ/UFMG, AIC e Fundo Brasil Direitos Humanos.
Sinopse: O evento teve como tema a violência institucional, ou seja, a violência cometida contra as juventudes por agentes e órgãos do poder público. Nesse 8º oKupa, foram lançadas a plataforma RE-JUNTE: Rede de Apoio e Promoção de Direitos das Juventudes; conteúdos atualizados dos dez eixos da plataforma Juventudes Contra Violência, e a campanha Caso de Polícia, também integrante da plataforma. Além disso, grupos juvenis da RMBH realizaram intervenções cênicas e poéticas, além de apresentações musicais (rap, funk, pagode, reggae, rock) e intervenções visuais.

oKupar os direitos!
9º oKupa
Data: 21/09/2019
Local: Praça Roman Laranja (Campinho do Ubirajara), entre as ocupações Rosa Leão e Helena Greco, no Bairro Jaqueline (BH).
Realização: Fórum das Juventudes
Patrocínio: Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH
Parceria: Jovens das ocupações Dandara, Rosa Leão e Eliana Silva
Apoio: AIC, OJ/UFMG, Instituto Macunaíma, das Brigadas Populares, do MLB, do Observatório das Quebradas, da Nossa BH, do Internet sem Fronteiras e de Túlio Nobre.
Sinopse: Reuniu expressões culturais das juventudes das ocupações urbanas Dandara, Rosa Leão e Eliana Silva e discutiu o direito à moradia digna. Teve colaborações de: Coletivo Terra Firme (Ibirité), Batalha da Rocha (Ibirité), Coletivo Flores do Beco (Betim), Cooperativa Muda (Betim), Coletivo Nosso Sarau (Sarzedo), Academia TransLiterária (Belo Horizonte), SLAM Valores de Minas (Região Metropolitana), REJUDES (Região Metropolitana), Coletiva Manas (Belo Horizonte) e Roleta Crew (Betim).

Garantir os presentes, coletivar os futuros
10º oKupa
Data: 18/09/2022
Local: Teatro Espanca (hipercentro de BH).
Realização: Fórum das Juventudes
Patrocínio: Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH
Parceria: Jovens das ocupações Dandara, Rosa Leão e Eliana Silva
Apoio: AIC, Muquifu e Vira Filmes.
Sinopse: Primeiro oKupa após o período de isolamento social e restrição à circulação impostos pela pandemia, foi realizado na Praça da Estação – BH, mas reuniu um amplo leque de juventudes da região metropolitana (vide programação ao lado). O tema foi o direito das juventudes à circulação pela cidade com liberdade, segurança e acesso a serviços e equipamentos públicos.
Outras ocupações
Ocupação do CRJ (2016)
A ocupação do CRJ, Centro de Referência das Juventudes de BH, aconteceu de 23 de maio a 20 de junho de 2016, como medida extrema para exigir a abertura imediata e a gestão compartilhada do espaço, depois de dez anos de tentativas infrutíferas de diálogo com o poder público municipal – BH – e estadual – governo de MG. A ocupação do CRJ foi liderada pelo Fórum e por dois outros movimentos juvenis com viés mais político-partidário: a UJS (União da Juventude socialista), e a UNE (União Nacional dos Estudantes) / UMES União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte.



Atividades culturais realizadas durante a Ocupação do CRJ:
Ocupações estudantis de 2016
Diversas ocupações se espalharam pelo país, em 2016, em protesto ao golpe do impeachment da presidenta Dilma Roussef e à PEC (Proposta de Emenda Constitucional) no 55 / 2016 (a PEC 55, que infelizmente acabou sendo a provada, limitou o aumento dos gastos públicos à variação da inflação – na prática, a emenda significou uma expressiva redução nos investimentos públicos nas áreas de saúde e educação.
O Fórum apoiou cerca de 20 ocupações de escolas públicas de BH, realizando oficinas curtas de audiovisual e produzindo documentários sobre as propostas, reflexões e o cotidiano daquelas mobilizações, e ainda sobre as reivindicações em curso.

Ocupação estudantil no Colégio Estadual Central (Belo Horizonte). Crédito: Divulgação.
Intervenções nos espaços públicos
O Fórum sempre se faz presente nos espaços de debate sobre temáticas de interesse das juventudes. Promovendo a mobilização e chamando a atenção para as pautas a partir de linguagens artísticas e sempre reivindicando que o jovem seja considerado sujeito da construção das políticas, o Fórum marca presença em ruas, praças, câmaras municipais e Assembleia Legislativa de MG, entre outros espaços.

Intervenção em audiência Pública na Câmara Municipal de BH sobre o Genocídio da Juventude Negra (27/04/2015)

Intervenção em audiência pública na Câmara Municipal de BH sobre o Genocídio da Juventude Negra (27/04/2015): silhuetas de jovens ausentes sinaliza que o evento aconteceu em horário e local pouco acessíveis à juventude periférica; frases, poesias e palavras de ordem das peças foram criados previamente em atividade com jovens e coletivos juvenis. Intervenções com as silhuetas de jovens ausentes são recorrentes na trajetória do Fórum.

Seminário “Segurança cidadã em Belo Horizonte” (Câmara Municipal de BH, 29/09/2017): FJ realizou intervenções em poesia, performance cênica e dança.

Ato “Juventudes em Luta” (Praça da Estação, 26/09/2017): liderado pelo Fórum, que teve ações de mídia tática como o “projetaço” – a projeção, no espaço e em corpos dos jovens, de frases relacionadas a pautas de luta.

Estandarte marca os espaços públicos assinalando as lutas juvenis.
Plataformas
Juventudes contra a Violência (2014)
A Plataforma Juventudes Contra Violência, integrante do conjunto de ações da campanha homônima, iniciada em 2011, reúne, no site , dez eixos programáticos para políticas públicas de mitigação das violências contra as juventudes: Acesso à Justiça, Democratização das Comunicações, Direito à Cidade, Enfrentamento ao Genocídio da Juventude Negra, Fortalecimento da Democracia Participativa, Fortalecimento do Sistema Socioeducativo, Novo Modelo de Política sobre Drogas, Novo Modelo de Segurança Pública e Desmilitarização das Polícias, Orçamento Público para Juventude e Políticas Sociais. O conteúdo dos eixos expressa o posicionamento do Fórum sobre as temáticas e é atualizado na ocasião das eleições executivas e legislativas. Ainda, o site passa a contar com um ranking de candidatos que estão mais ou menos alinhados aos posicionamentos do Fórum.
Abaixo: prints de páginas da plataforma Juventudes Contra Violência

RE-JUNTE: Rede de Apoio e Promoção de Direitos das Juventudes (2018)
RE-JUNTE é um mapa colaborativo, criado a partir da ferramenta My Maps do Google, que reúne a rede de apoio e promoção aos direitos das juventudes de oito territórios da RMBH: Belo Horizonte, Ibirité, Sarzedo, Mario Campos, Betim, Contagem, Nova Lima, Vespasiano. O mapeamento, feito por 11 (onze) coletivos juvenis de BH e RMBH que participaram da oitava edição do oKupa, buscou dar visibilidade às instituições, equipamentos públicos, coletivos, grupos e ativistas que apoiam e/ou fomentam iniciativas de promoção dos direitos das juventudes em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Além disso, a ideia é a que esse mapeamento seja um recurso importante para, além de tornar as ações culturais, sociais e/ou políticas conhecidas pela população dos territórios, aproximar movimentos, grupos, coletivos juvenis, espaços institucionais formais e informais, para uma atuação conjunta e colaborativa.
Print de página da plataforma

Caso de Polícia (2018)
Edição da campanha Juventudes Contra Violência especificamente voltada ao enfrentamento à violência institucional. A proposta foi denunciar a violência cometida pelos agentes de segurança pública contra as juventudes de BH e Região Metropolitana. Além disso, a campanha chamou a atenção para as falhas que existem nos próprios canais e instrumentos de denúncia da violência, levando a um processo de revitimização.
A campanha reúne nove vídeos, que foram publicados no Youtube101, com depoimentos reais de violência institucional, que são apresentados a partir de interpretações cênicas feitas por outros jovens.
Plataforma Baculejo (2020)
Elaborada a partir de uma série de encontros de formação e colaboração com coletivos juvenis, a Plataforma Baculejo é um repositório de informações úteis sobre como se proteger, denunciar e buscar apoio em casos de ser ameaçado ou sofrer violência policial. Também conta com um canal de denúncia anônima (denúncias são reportadas pelo FJ a autoridades parceiras, como o Ministério Público).


HISTÓRIA DE VIDA
Clique sobre os nomes para acessar histórias de pessoas que constróem essa luta:
Alga Marina Silva
Áurea Carolina de Freitas
Bárbara Pansardi
Bim Oyoko – Fabrício Tadeu de Paula
Hélio Douglas Silva
Juarez Dayrell
Lopo – Gabriel Lopo
Luíza Alcântara
Priscylla Ramalho
Russo APR – Flávio da Silva Paiva
Sâmia Bechelane – Sâmia Bechelane Cordeiro de Melo
Sebastião Everton de Oliveira
Vanessa Beco – Vanessa Cristina de Jesus
Vivi Coelho – Viviane Coelho Moreira
Zerê – Leandro Pereira da Silva